Quando tivemos que trabalhar com contos psicológicos diversos autores brasileiros foram - nos apresentados, a escolha em particular foi, a autora renomada Lygia Fagundes Telles. Abaixo, um pouco mais sobre quem ela foi e suas obras.
A futura escritora que até então era advogada Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo, em 19 de abril de 1923. Sua infância foi marcada por muitas mudanças o tempo inteiro, uma vez que seu pai, delegado e promotor, estava sempre indo de cidade em cidade no interior paulista. A menina cresce ouvindo histórias narradas por pajens e outras crianças.
Mais tarde, já sabendo ler e escrever, Lygia passou a criar suas próprias narrativas e, aos oito anos, já anotava no caderno os contos que irá transmitir para sua pequena platéia nos círculos caseiros. Seu primeiro contato com a literatura é através das histórias de terror, povoadas de personagens folclóricos, como mulas-sem-cabeça, lobisomens e outros.
Quando voltou para a capital, com os pais separados, ela passou a estudar no Instituto de Educação Caetano de Campos, e lá conheceu o professor Silveira Bueno, que estimulou sua vocação literária. Em 1938, a autora lançou seu primeiro volume de contos, Porão e Sobrado, com o auxílio do pai, que pagou esta edição, na qual ela utilizou o nome Lygia Fagundes.
Ela se graduou na Escola Superior de Educação Física e, depois, na Faculdade de Direito de São Paulo. Nesta academia, ela mergulhou no universo da literatura, tornando-se membro do grupo de redatores das revistas Arcádia e XI de Agosto. Neste contexto, ela entrou em contato com Mário e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Sales Gomes, entre outros intelectuais. Logo depois, em 1944, saiu seu segundo livro de contos, Praia Viva, publicado pela Martins, editora paulista. No ano seguinte seu pai morreu, o que representou para a escritora uma grande perda.
Lygia só voltou a lançar outra obra de contos em 1949, três anos depois de concluir a faculdade de Direito – O Cacto Vermelho, publicado pela Editora Mérito. Desta vez seu livro recebeu o Prêmio Afonso Arinos, oferecido pela Academia Brasileira de Letras.
Em 1950 ela se casou com seu professor, o jurista Goffredo da Silva Telles Jr., então deputado federal. Deste matrimônio nasceu seu filho, Goffredo da Silva Telles Neto.
Ao voltar para sua terra natal, a escritora iniciou a criação de seu primeiro romance, Ciranda de Pedra. Ele foi finalmente publicado pelas Edições O Cruzeiro, editora carioca, em 1954. Ela se separou de seu primeiro marido, em 1960, e logo depois assumiu o cargo de procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo. Dois anos depois foi publicado Verão no Aquário, sua segunda ficção, pela editora Martins.
Ela se casou novamente com o velho amigo, professor e escritor Paulo Emílio Salles Gomes, criador da Cinemateca Brasileira, que a deixou viúva em 1977. Escreveu As Meninas, atenta ao contexto político que o país atravessava. Atendendo a um pedido do cineasta Paulo César Sarraceni, ela adaptou para as telas do cinema a obra de Machado de Assis, D. Casmurro, em parceria com Paulo Emílio, roteiro batizado como Capitu.
Sua obra é hoje internacionalmente reconhecida, e em sua coleção de prêmios constam alguns de alcance internacional, como o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros, doado pela França ao seu livro de contos Antes do Baile. A escritora participa também ativamente de congressos, debates, seminários e conferências.